I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DO SAMBURÁ
Território, técnica, conhecimento e poder
De 16 a 19 de novembro de 2022
Território, técnica, conhecimento e poder
De 16 a 19 de novembro de 2022
Evento totalmente online
GT 1 - TECNI[CIDADE] E CONHECIMENTO
Dia 17/11/2022
1 VEDANDO FRESTAS: O PROCESSO DE CALAFETAGEM E A PROFISSÃO DE CALAFATE NO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA-PA
Adrielle Regina Ferreira Miranda
(UFPA) adrielle.miranda2@gmail.com
Myrian Sá Leitão Barboza
(UFOPA) myrianbarboza@ufl.edu
Roberta Sá Leitão Barboza
(UFPA) robertasa@ufpa.br
O presente estudo preliminar busca descrever a atividade dos calafates navais, na cidade de Bragança/PA. Pretende-se identificar os locais de atuação e compreender as técnicas empregadas e o processo de transmissão dos conhecimentos. A escolha do tema deu-se pela relação muito próxima da primeira autora com esses trabalhadores, que inclui tio e primo. Aliado a isso, soma-se a participação das autoras em projeto de pesquisa e de extensão junto aos carpinteiros navais da região. Os principais métodos utilizados na coleta das informações foram a visita de campo, observação participante e entrevistas. O estaleiro visitado está localizado embaixo da ponte do Sapucaia que conecta a cidade de Bragança aos povoados. O calafate é responsável pelo processo de calafetagem, que consiste na vedação dos espaços vazios entre as tábuas de madeira para evitar que a água entre para o barco quando este vir a navegar. Os calafates atuam dentro dos estaleiros, espaço de construção e reparos de embarcações. O processo de calafetagem é dividido em 5 etapas: lixamento da madeira, colocação da estopa, emassamento, novo lixamento e pintura. O calafate profissional é aquele que consegue realizar todas essas etapas. O processo de transmissão do conhecimento acontece dentro dos estaleiros. Quem decidirá a passagem, de ajudante para profissional, são os calafates já reconhecidos como profissionais. Conclui-se que o estaleiro é o lugar utilizado para exercer esse ofício de calafate. São 5 as etapas do processo de calafetagem. As técnicas empregadas são repassadas de geração em geração pelos calafates profissionais.
Palavras-chave: Embarcações; Ofício; Estaleiros.
2 A CIDADE DE IMPERATRIZ E SEUS SEMÁFOROS CIRCENSES
Lucas Vinícius Lustosa Castelo Branco
(LAEPCI/UFMA) lucasvlcastelobranco@gmail.com
O presente plano de trabalho visa abordar as relações sociais aparentes e implícitas da Trupe de Habilidades Circenses de Imperatriz. O grupo, composto por malabares, teve início no ano de 2008 simbioticamente ligado aos movimentos sociais de ocupação da cidade. Junto ao “OCUPARTE”, Movimento de Ocupação de Prédios Públicos Abandonados criado da deliberação do IV Fórum de Cultura, ocupou, ainda no mesmo ano, o prédio da Biblioteca Municipal de Imperatriz (Leite, 2010). A ocupação durou um ano e, naquele contexto, fortaleceu a atual Trupe de Habilidades Circenses a manter-se ativa na profissionalização de seus trabalhos na arte do palhaço, artesanato e malabarismo. São origens sociais de ocupação de espaços municipais e, consciente e inconscientemente, ainda ocupa o espaço urbano para ressignificar o cotidiano da cidade. Os semáforos, com seus sinais, ditam o tempo e lugar das técnicas que guiam não somente as apresentações, mas muitas relações sociais entre os próprios indivíduos e a cidade. A performance malabar é tomada neste artigo da perspectiva de artefato final de uma cadeia operatória que recruta elementos sociais diversos e interessantes. Este artigo parte dos conceitos de Mauss para debruçar-se sobre técnica e de Coupaye para debruçar-se sobre o processo. É importante ressaltar também que a ótica Simmeliana foi fundamental na análise das relações sociais do grupo, tanto da perspectiva de forma, conteúdo e sociabilização. É importante destacar, além do mais, o quanto a pandemia influenciou este trabalho e possivelmente moldou as subjetividades que permeiam a análise material dos dados obtidos. Se em um contexto previamente planejado o trabalho se daria nas ruas e com imagem direta da Trupe de Habilidades Circense, a situação de isolamento social aflorou as técnicas de netnografia que antes ainda não eram tão exploradas.
Palavras-chave: Trupe; malabares; cidade; circense.
3 Os camelôs da praia de Copacabana, Rio de Janeiro:
uma arte do contornamento. Dispositivos materiais e construção de formas de resistência com imagens.
Caterine Reginensi
Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) creginensi@gmail.com
A praia de Copacabana se colocou para mim com um arranjo espaço temporal onde se cruzam atores diversos tais como camelôs, barraqueiros, escultores de arreia, flanelinhas e tanto outros personagens urbanos, envolvidos em um jogo formal/ informal. Foram períodos de longas estadias, tempo de pós-doutoramento que construíram minha livre docência, entre 2005 e 2011. A partir de pesquisas etnográficas e focando sobre vários registros imagéticos da época evocada e de momentos mais recentes, incorporando a praia no tempo da pandemia (2020/2021), minha proposta visa refletir sobre a potência criadora dos grupos que atuam na praia modulando e modelando os espaços de areia e da calçada. A pergunta que surge é: Como seria possível contar uma história com aquelas imagens dos dispositivos que os camelôs utilizam como contornamento de usos e de regras? Assim um simples guarda sol vai servir para proteger o camelô da queima do sol durante longas deambulações na faixa de arreia, e no mesmo tempo vai se transformar numa loja ambulante. Na calçada, espaço proibido aos camelôs, as tácticas são um desafio cotidiano para contornar as regras impostas pelo governo - deve ser entendido a prefeitura do Rio de Janeiro e o rapa, braço armado para controlar e fiscalizar a região. As imagens produzidas falam da praia dos camelôs, de um “outro Rio’’ como chamei minha pesquisa. As fotografias dos encontros e, sobretudo, dos dispositivos materiais, incluído o próprio corpo do camelô serão apresentadas como sequencias de palavrasimagens que produzem outro conhecimento da cidade. Narrar com imagens visa refletir de forma crítica, dando relevância a complexidade do trabalho na praia da metrópole carioca.
Palavras- chaves: camelôs; praia; contornamento; dispositivos.
DIA 18/11/2022
1 “Escutar” com as mãos na pedagogia de Gil laoshi: peregrinação e luta em uma Escola de Taijiquan da cidade de São Paulo.
Gabriel Guarino de Almeida
(PUC-Rio) contato@gabrielguarino.art
Nesta comunicação, apresento o regime de aprendizado de uma arte marcial tradicional chinesa conhecida como taijiquan, com foco no treinamento de luta de tuīshǒu推手 (em tradução direta: empurrar com as mãos). A perspectiva para esta exposição é a pedagogia de Gil Rodrigues, mestre em arte marcial chinesa que compõe sua “busca pelo taijiquan” em peregrinações na cidade São Paulo, por entre atividades na diáspora chinesa da cidade e reconexões com o território chinês. O contexto é a realização de um trabalho de campo na Escola Chenjiagou de Taijiquan Brasil, dirigida por Gil laoshi e situada no bairro da Santa Cecília (São Paulo/SP). A pesquisa junto às atividades da escola se dá desde 2020, em uma ‘etnografia em performance’: proposta de Douglas Farrer que toma a situação de aprendiz de uma arte performática como lócus principal de investigação. O objetivo, aqui, é apresentar os modos de acesso e participação na comunidade de prática da arte marcial, com foco nas “técnicas de tuishou”. Para tanto, parto da Antropologia como/e Educação desenvolvida por Tim Ingold, em diálogo com a perspectiva relacional de Jean Lave. A concepção maussiana de ‘técnica corporal’ e ‘civilização’ é mobilizada para pensar a noção nativa de “cultura chinesa”, em diálogo com Stephan Feuchtwang e Yuk Hui. Nos termos de Gil, aprender a lutar exige “escutar” o outro a partir do “toque” e da “presença” na luta, num caminho de “oferecer vazio” ao oponente, para “investigar então os pontos de tensão” que serão vitais para “relaxar” a si e “empurrar” o outro. Tal aprendizado, argumento, compõe uma recursividade com os outros aspectos da prática (as coreografias de luta e a meditação em pé) de modo a dirigir o aprendiz para a gênese de um modo de vida centrado na capacidade de aprender (mudar seu comportamento e ação) enquanto mantém certos princípios – entendidos duplamente como “virtudes” para socialidade e como “padrões” de movimento.
Palavras-chave: taijiquan; tuishou; regime de aprendizado; etnografia em performance.
2 “PIRARUCU É PEIXE FINO E MELINDROSO E TAMBÉM ENSINA SEUS FILHOS A PESCAR!”:
SENTIDOS E TRADIÇÕES NA TRANSMISSÃO DE SABERES E TÉCNICAS NAS PESCARIAS DE PIRARUCU NA AMAZÔNIA (PRAINHA-PA)
Myrian Sá Leitão Barboza
(UFOPA) myriabarboza@ufl.edu
Roberta Sá Leitão Barboza
(UFPA) robertasa@ufpa.br
Gerlan Silva da Gama
(UFOPA) gerllanboldrinny@gmail.com
A pesca de pirarucu (Arapaima gigas) requer complexidade de saberes e de técnicas e habilidade corporal para o sucesso na captura do animal. Nesse grupo de trabalho, iremos abordar as tradições de transmissão de saberes e técnicas nas pescarias de pirarucu na comunidade Ipiranga (Prainha-PA). Nesses processos de transmissão os pescadores mais experientes repassam orientações técnicas durante a vivência prática para que as crianças treinem desde cedo os “modos” de percepção sensitiva que incluem identificação a nível de espécie e sua faixa etária, como também a localização no ambiente para sucesso na captura do animal. Desta maneira, no sistema de ensino aprendizagem entre pescadores, os sentidos são constantemente impulsionados para atuarem nas práticas de pesca. Inspirados nas cosmologias nativas, argumentamos também que os pirarucus investem no repasse de técnicas para seus filhotes a fim de que os mesmos aprendam a “pescar” seus próprios alimentos e fugir dos inimigos. Assim, debatemos em nosso texto como saberes, sentidos e técnicas são investidos para eficácia nas pescarias e na própria sobrevivência, seja pelas presas (pirarucu) ou pelos predadores (humanos).
Palavras- chave: Tradição; Saberes; Técnicas; Pesca de Pirarucu; Amazônia.
3 Relações entre a cidade e o digital, ou como o urbano pode ser estudado a partir do âmbito digital
Williane Juvêncio Pontes
(PPGA-UFPB) williane_pontes@hotmail.com
A cidade constitui um laboratório social (PARK, 1967) de pesquisa desde a década de 1960 (HANNERZ, 2015), estudada como heterogênea e complexa, é um produto histórico e social continuamente construído pelos atores, configurando formas de ser, estar, sentir e praticar o urbano, que contemporaneamente apreende uma nova instância nesse processo, o digital. A tecnologia está cada vez mais presente no cotidiano, facilitando a comunicação, fomentando modos de trabalho, lazer, estudo, paquera, mobilidade e uma infinidade de possibilidades, promovendo maneiras de construir e vivenciar a e na cidade. Com a pandemia da covid-19 o âmbito digital ganha mais centralidade na reformulação de práticas cotidianas devido ao isolamento social, apresentando nuances teórico-metodológicas para compreender seus efeitos e as novas configurações emergentes. Neste contexto nos propomos a pensar a cidade de João Pessoa, com ênfase para a Comunidade do Timbó, na zona sul, a partir das plataformas digitais para analisar como um espaço urbano é (re)produzido enquanto lugar (TUAN, 1983; KOURY, 2003) pelos moradores, os frequentadores, a mídia local e a administração pública, com base nos discursos e práticas veiculadas nas redes sociais Instagram e Facebook e nos sites dos jornais e da PMJP. A presente discussão, no entanto, é afunilada para as implicações de pensar a cidade através do digital, ponderando as limitações e as vantagens metodológicas, uma vez que trabalhar com a internet requer considerar questões de acesso, dos grupos que agenciam neste âmbito, das particularidades das plataformas utilizadas, da ética e das ferramentas utilizadas. Reflexão que apresenta como o urbano pode ser compreendido a partir das plataformas digitais, considerando este âmbito como uma continuidade do presencial, sendo dimensões constitutivas da vida, de modos de ser e estar. É na relação entre a cidade e o digital que se fabrica esta análise antropológica de formas de pensar e pesquisar o e no urbano.
Palavras-chave: Cidade; Digital; Lugar; Questões teórico-metodológicas.
4 FAZER A CIDADE EM IMAGENS: SKATE E PRODUÇÃO VISUAL EM IMPERATRIZ
Vitoria Sousa de Oliveira
(UFMA/PIBIC) vitoria.oliveira@discente.ufma.br
Jesus Marmanillo Pereira
(LAEPCI/UFMA) marmanillo.jesus@ufma.br
O presente trabalho, indica os primeiros resultados e reflexões de uma pesquisa sobre os praticantes de skate da cidade Imperatriz-MA. Visa compreender a urbe por meio de discursos imagéticos que sinalizam formas de viver e fazer a cidade (Agier, 2011). Trata-se de uma coleta de dados e reflexões iniciais de uma pesquisa (PIBIC) em andamento, partindo da hipótese que a produção de imagens no skate é resultado de um processo que fornece existência e caracteriza o próprio agrupamento. Portanto, verifica-se através dos estudos de Pereira (2018, 2022) que as práticas do skate e do grafite na cidade mencionada possuem relações diretas com as produções de imagens. Assim, por meio da convivência com os atores, nota-se que eles constituem determinadas formas sociais (Simmel, 2006) que agem em cooperação ou competição entre grupos na produção de imagens sobre as manobras; tal fato implica também a análise das técnicas pelas quais são observadas nos videomakers e fotografias, visto que existe uma transmissão da tradição no tocante as produções dos atores (Mauss, 1934). Destarte, foi analisadas 65 postagens do Instagram que remetem a configuração pela qual os skatistas consomem os espaços, apreciando uma série de lives biográficas promovidas pelo canal no YouTube do LAEPCI. Porquanto, para além de uma narrativa focada exclusivamente no “eu”, as imagens produzidas pelos skatistas consagram determinados pontos da cidade, expressam coletividades e processos complexos de sociabilidade. Logo, compreendemos que essa perspectiva vai ao encontro da ideia de com-viver e pensar a urbe por meio de imagens que também sinalizam processos e formas sociais.
Palavras-chave: Discursos; imagéticos; Sociabilidade; Skate; Urbe.
Dia 19/11/2022
1 IPADÊ: RITUAL SOCIOTÉCNICO, CONHECIMENTO E POLÍTICA NO CANDOMBLÉ KETU
Diego Vartuli Cavanellas
(TÉCHNAI/UFPB) diegovartuli@yahoo.com.br
O Candomblé possui cosmologias distintas dependente da nação (Angola, Ketu, Jeje, Nagô Ebá e outras variações) que determina o culto a seres ancestrais divinizados (Nkisis, Orixás, Voduns) portadores da técnica e do controle sobre a natureza e dos materiais que a própria natureza fornece. Porém, a relação do emprego da técnica e da transformação dos materiais é perpassada por esses ancestrais divinizados e é um fato em comum nas nações do candomblé e em seus rituais. Por meio da oralidade, é transmitida a utilização religiosa, tecnológica e ritualística desses materiais. O candomblé da nação Ketu, em pluralidade atual de culto, é a nação responsável pelo culto aos Orixás e disseminado no Brasil pelos povos étnico-linguístico Iorubá oriundos da África ocidental, principalmente da atual Nigéria. Esses povos foram escravizados e utilizados como mão de obra centrípeta da economia mercantilista. Através do “itan”, narrativas cosmológicas iorubás transmitidas pela oralidade, os objetivos desta pesquisa são explorar, descrever e explicar a relação entre a cosmovisão iorubá a partir da metodologia da antropologia da técnica, enfatizando o recorte do ritual de ipadê que tem como um dos propósitos invocar o Orixá Exú (Èṣù em iorubá).
Palavras-chave: Candomblé; Conhecimento; Política; Rituais.
2 MODOS DE CONHECIMENTO NA CAPOEIRA ANGOLA
Luís Felipe Cardoso Mont’mor
(UFPB) montmorluis@gmail.com
Este resumo faz parte de uma pesquisa de tese em andamento que versa sobre técnica, Capoeira Angola e conhecimento. Sendo assim, proponho tratar sobre os modos de aquisição e transação de conhecimento que venho observando na prática, que é fundamentalmente uma luta forjada por africanos e seus descendentes no período escravocrata do Brasil colonial. Como praticante inserido na Capoeira Angola, em determinado nível hierárquico definido pelo grupo que faço parte, tenho conseguido acessar os modos como o conhecimento é adquirido e transacionado através da etnografia e autoetnografia. Com a discussão antropológica pertinente tenho partido dos resultados referentes à Antropologia do Conhecimento, sendo que é possível observar dois modelos tipológicos de transacionadores entre seus especialistas – o guru e o iniciador, ao mesmo tempo em que uma modalidade de conhecimento que não se constitui em aquisição por impregnação, mas que necessita quase sempre da socialização em grupos e sob acompanhamento de especialistas de diferentes tradições no gênero, linhagens e modos de transação diferentes. Sendo assim, nas exceções em que este conhecimento se dá por impregnação no grupo doméstico é quando, por um acaso, os filhos de especialistas já participam periodicamente dos treinamentos e aulas, o que pode ser observado em campo. Neste caso, tal conhecimento, que necessita da especialização normalmente fora do grupo doméstico exige relações complexas e hierárquicas com os especialistas da prática, com aulas periódicas, contribuições com mensalidade, recrutamento de membros e ascensão hierárquica com base na performance, que constitui aquisição de status e poder.
Palavras-chave: Capoeira Angola; Conhecimento; Poder.
3 "É O REFLEXO DA MINHA VIDA NAQUELE DESENHO":
Uma (etno)gráfia dos usos e sentidos atribuídos às coisas com rodas nas práticas socioculturais de um espaço público urbano e seus arredores em João Pessoa – PB
João Vítor Velame
(AVEDOC/GUETU/PPGA/UFPB) joaovictorvelame@gmail.com
O trabalho aqui apresentado faz parte da dissertação de mestrado (em andamento). É fruto de uma pesquisa realizada a partir da observação participante, utilizando dos recursos do diário de campo e diário gráfico. Destarte, produzi uma série de desenhos sobre os usos e sentidos atribuídos a diversos instrumentos com rodas (carrinhos de mão, carrinhos de frete, carrinhos de geladeira, carrinhos de armazém, carrinhos de supermercado etc.) que são utilizados por diferentes atores sociais (feirantes, fregueses, fretistas, garis, catadores, pessoa em situação de rua etc.) no âmbito de um mercado público e de uma ocupação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, ambos localizados no Bairro dos Estados da cidade de João Pessoa-PB. Este trabalho adentra o campo da Antropologia Urbana e Antropologia Visual repensando nas possibilidades da criação e invenção que se entrelaçam no fazer (etno)gráfico. Nesta perspectiva, nos percursos vividos na cidade, vidas se entrelaçaram, na companhia do outro e podem ser vistos a partir da circulação dos instrumentos com rodas no cotidiano de diferentes atores sociais. Nesse viés, o trabalho escrito foi produzido a partir de uma etnografia multissituada e a partir de uma ação etnográfica, para pensar no contexto destes instrumentos com rodas no espaço público, urbano e em seus arredores. Destarte, este trabalho buscou acompanhar a circulação destes carrinhos associados às práticas socioculturais através de desenhos, coleta de histórias de vida a partir de entrevistas e conversas informais, principalmente, utilizando do desenho-elicitação durante uma oficina dedesenho realizada com dois grupos de catadores pessoenses.
Palavras-Chave: Instrumentos com Rodas; Espaço Público Urbano; Atores Sociais; Mercado Público.