I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DO SAMBURÁ
Território, técnica, conhecimento e poder
De 16 a 19 de novembro de 2022
Território, técnica, conhecimento e poder
De 16 a 19 de novembro de 2022
Evento totalmente online
GT 3 - Direitos Humanos: Identidade, gênero e relações Étnico Raciais
Dia 17/11/2022
1 NO BRASIL, O QUE PODE UMA PERFORMANCE?
MATEUS DOS SANTOS SILVA
(UFMA) matweussantos20@gmail.com
Neste trabalho almeja-se traçar um panorama sobre as implicações discursivas e normativas para gênero e sexualidade, no intuito de evidenciar as violências imbricadas em uma performance hegemônica. Com isto, esta pesquisa resulta de uma pesquisa bibliográfica sobre estudos de gênero e sexualidade, assim como de estudos pós-coloniais, com o intuito de demonstrar o peso da normatividade cisheterossexual sobre as experiências de pessoas Travestis e Transexuais no Brasil, uma vez que Butler (2003) argumenta que o gênero nada mais é do que uma performance, que é materializada sobre a corporeidade dos sujeitos/as/es os classificado como homens ou mulheres por meio dos aparatos discursivos de controle - ciaheterossexuais - que circunscrevem o processo de socialização dos indivíduos em meio a um padrão sociocultural disciplinador. Assim, (QUIJANO et al., 2005) argumentam que houve durante o processo de colonização dos povos do Sul, um trabalho por parte dos colonizadores para colocar em ação um processo de reidentificação sociocultural sobre as experiências dos indivíduos que sofreram a colonização, experiência esta, em razão do capitalismo e do cristianismo, sobretudo, que é implementada com o objetivo de padronizar e universalizar as performances de todas/os/es por e a partir das cisheterossexualidade. Portanto, a depender de como se experiencia o gênero e a sexualidade socioculturalmente, uma performance, principalmente uma normativa - como neste caso -, pode dizer quem vive quem morre, nesse sentido, em virtude de questões históricas e sociais, todas as performances não alinhadas a cisheterossexualidade compulsória terminam por incorrer no "erro" e, assim, estruturalmente, em razão da colonização normativa, acabam por ficar passíveis a violência de performance hegemônica.
Palavras-chave: Normatividade; Colonialidade; Sul global.
2 Território, Povos Tradicionais e Geografia Agrária: uma análise a partir dos Simpósios Internacionais de Geografia Agrária
João Emerson Cunha Silva
(UFPB)jemersonsantosc@gmail.com
Os estudos referentes à temática dos povos e comunidades tradicionais estão cada vez mais presentes no campo da Geografia Agrária, sendo necessário destacar que embora esse não seja um tema novo no âmbito da Geografia, a emergência desse interesse parte das contribuições dos paradigmas ligados aos estudos culturais, que segundo Almeida (2008) passam a contemplar variadas concepções como identidade, cultura e memória social. No contexto social mais amplo, destacamos que o debate que se insere é marcado pelas lutas dos movimentos sociais negro e indígena na luta pela defesa de direitos fundamentais. Nesse contexto, o objetivo geral da pesquisa é compreender a discussão sobre o conceito de território em estudos que discutem povos e comunidades tradicionais na produção científica da geografia agrária brasileira, tendo como recorte os anais do Simpósio Internacional de Geografia Agrária (2003-2019). Do ponto de vista teórico, partimos das concepções de território a partir dos seguintes autores Raffestin (1993), Saquet (2020) e Haesbaert (2019). A metodologia utilizada para embasar a construção da pesquisa partirá de levantamento bibliográfico e documental nos amparando na análise de conteúdo, que segundo Bardin (2022) é uma metodologia que engloba uma ampla variedade de técnicas, tanto qualitativas quanto quantitativas. Nesse contexto, utilizaremos, especificamente, a técnica qualitativa presença ou ausência, que possibilita identificar os trabalhos que discutem o conceito de território dentro do recorte bibliográfico proposto pelo estudo. A pesquisa está em andamento, sendo desenvolvida no âmbito do programa de pós-graduação em Geografia da UFPB. Até o momento, os resultados da pesquisa apontam para um crescimento dos estudos sobre comunidades quilombolas e povos indígenas no recorte bibliográfico pesquisado, destacando-se a centralidade que o conceito de território adquiriu em muitas dessas pesquisas. Assim, estamos constatando a presença do conceito de território, a partir de múltiplas perspectivas teóricas, o que revela o conceito como uma ferramenta teórica importante para embasar pesquisas que pretendem analisar as dinâmicas dos povos e comunidades tradicionais.
Palavras-chave: Território; Epistemologia; Geografia Agrária, Povos Tradicionais.
3 BEATRIZ NASCIMENTO: PREÂMBULOS SOBRE OS QUILOMBOS
Emanuela Rocha da Silva Arcanjo
(UFPB) emanuelarochaa12@gmail.com
Amanda Chistinne Nascimento Marques
(UFPB) amandamarques.ufpb@gmail.com
Este trabalho tem o propósito de refletir a contribuição acadêmica da pensadora social Beatriz Nascimento, reconhecida pela sua trajetória de estudos no âmbito da questão étnico-racial, notadamente sobre o conceito de quilombo. Apresentaremos os resultados de pesquisa de demanda social, executada durante os anos de 2021/2022, no âmbito do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias – CCHSA, da Universidade Federal da Paraíba. Estudamos abordagens desenvolvidas acerca da definição de quilombo nos baseando na pesquisa qualitativa que possibilitou a reflexão dos resultados obtidos por meio de investigações, pesquisas e leituras concretizadas durante a vigência do projeto. No tocante ao levantamento realizado, caráter bibliográfico na rede mundial de computadores, por intermédio das plataformas virtuais de instituições de ensino superior - IES, assim como, sites oficiais, organizações não governamentais – ONG´s e de movimentos sociais que veiculam informações sobre questões raciais no país. Acessamos obras da/sobre a autora, tais como: Nascimento (2021), Nascimento (2018) e Ratt´s (2006) que versam sobre a questão quilombola, dimensões raciais, de gênero, assim como sua imersão no campo das artes com poemas escritos pela autora (Ratt´s; Gomes, 2015) e a produção cinematográfica Orí dirigida por Raquel Gerber. O acervo encontrado foi organizado em pastas virtuais selecionadas com vistas a compor catálogo sobre a autora, destacando-se: livros, artigos, vídeos, fotografias, teses e dissertações. Foram realizadas leituras a partir do Grupo de Trabalho - GT Território e Etnicidade que integra o grupo de pesquisa Gestar: território, trabalho e cidadania – CNPq/UFPB. Para a autora, o quilombo é um sistema comunitário alternativo sendo constituído por outros grupos sociais, evidencia que tais lugares denotam uma continuidade histórica e física, sendo ocupado com grande número de pessoas negras, com poucos bens materiais e que ocupam esse espaço geográfico, anteriormente quilombola, mas que possuem a memória ancestral de seres transmigrados e resistiram aos opressores. Consideramos que colocar o nome de Beatriz Nascimento em pauta é destacar o seu papel no pensamento social brasileiro, revela significados da diáspora negra no continuum e a sua escrita sobre quilombo articula origens ancestrais, continuidade histórica e transmigrante.
Palavras-Chave: Beatriz Nascimento; Quilombo; Relações Étnico-Raciais.
4 “A força que nunca seca”: a participação das Mulheres Quilombolas na Luta pelo Território Tradicional
Maria José da Silva
(UFPB) mariasilvat.a@gmail.com
Amanda Chistinne Nascimento Marques
(UFPB) amandamarques.ufpb@gmail.com
Maria de Fátima Ferreira Rodrigues
(UFPB) fatimarodrigues.ufpb@gmail.com
O trabalho integra pesquisa de mestrado realizada no quilombo de Cruz da Menina em Dona Inês- PB, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas, PPGDH/UFPB. A comunidade foi reconhecida como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares - FCP em 2008, onde residem atualmente aproximadamente 100 famílias. Desde então, o referido grupo étnico vem reivindicando seus direitos constitucionais pela demarcação do território de uso e ocupação tradicional. Buscamos compreender a participação das mulheres quilombolas na luta pelo território a partir da pesquisa bibliográfica realizada na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações – BDTD e trabalhos de campo. Dialogamos com autores das dissertações e teses acessadas, assim como as obras: DEALDINA (2020) e FIABANI (2017). Entre os autores e conceitos destacamos: HAESBAERT (1999; 2004); BONNEMAISON (1999), ALMEIDA (2010) e NASCIMENTO (2021) ao discutirem o conceito de território e identidade. LUGONES (2014), GONZALEZ (2020), CRENSHAW (2002), AKOTIRENE (2019) e COLLINS (2019) com o intuito de apresentar as discussões de gênero, do feminismo negro decolonial e da interseccionalidade. Considerando as leituras das produções pesquisada, observamos que essas mulheres vêm por gerações assumindo a responsabilidade com a produção, transmissão cultural, o cuidado dos membros da família, além de atuarem na organização política interna e externa ao território. É possível identificar que a produção historiográfica tradicional pouco referenciou sobre sua participação, as ações desenvolvidas pelas mulheres foram pouco referenciadas na escrita, embora a oralidade não tenha deixado de reproduzir as ações de tantas mulheres na luta pela liberdade. Quando se fala em desumanização observa-se que os resquícios do colonialismo do Brasil, fizeram da mulher negra objeto, sofrendo as mazelas da discriminação, uma vez que os estereótipos gerados pelo racismo e pelo sexismo as colocam no nível mais alto de opressão. As teóricas decoloniais têm construído diálogos no sentido de romper com a estrutura colonial do saber/poder. Quando nos referimos à mulher negra, a interseccionalidade nos mobiliza para refletimos sobre as múltiplas opressões vivenciadas pelas mulheres quilombolas.
Palavras-chave: Mulheres Quilombolas, Território, Direitos Humanos.