SEMBA ANCESTRAL E O QUILOMBO CAIANA DOS CRIOULOS/ PB
SEMBA ANCESTRAL E O QUILOMBO CAIANA DOS CRIOULOS/ PB
SEMBA ANCESTRAL E O QUILOMBO CAIANA DOS CRIOULOS/ PB
Marina Prado Santiago
Luciene Tavares de Lima
Jaqueline Gonçalves
Denise Kamada
Fernanda Maranho
Semba é uma palavra de origem africana, do idioma kimbundo, traduzida como umbigo para o português. Semba ancestral, título desta exposição, faz referência ao(s) umbigo(s) que nos conecta(m) a tudo e a todos/as, em todas as dimensões, nutrindo e inspirando a compreensão do infinito, do contínuo, que se expande na recorrência das águas do Atlântico e infiltra-se nas espirais do tempo, amalgamando passado e futuro, em presente-ancestral.
Caiana dos Crioulos é uma comunidade remanescente de kilombo, localizada a 12km do centro urbano do município de Alagoa Grande, no Brejo paraibano, um amplo território recortado por pequenos lotes com declives e aclives que alcançam até 600m. A comunidade é precursora no estado na luta pela legitimação dos direitos kilombolas. Trata-se de um território de Matrigestoras da vida. As mulheres de Caiana arrogam importante papel na gestão política, social e econômica da comunidade, zelam pela segurança alimentar, pelas memórias coletivas, acolhendo e tecendo com aqueles/as que migram temporariamente - a expansão das fronteiras, registradas nos corpos negros-quilombolas em movimento, corpos-territórios (NASCIMENTO, 2006).
As imagens que trazemos de Caiana dos Crioulos são olhares para além dos discursos normativos do Estado que ditam o espaço e legitimam as identidades. Encontramos na resistência negra, o diálogo contínuo entre a arte e a vida, reivindicações de leituras grafadas fora da modernidade ocidental, ainda que imersas na duplicidade desse ocidente expandido (GILROY, 2011). Ser acolhido/a em comunidades tradicionais, como Caiana, requer a disposição e compromisso de mergulhar nas águas do Atlântico Negro, respeitando suas construções e configurações de saber-poder. Destarte, demanda um compromisso com o processo de consciencialização social, por meio do reconhecimento e reparação de uma história colonial que a muitos oprimiu e persiste em querer manter tais comunidades/ saberes, marginalizados (KILOMBA, 2019).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GILROY, Paul. O Atlantico Negro. Modernidade e dupla consciência, São Paulo, Rio de Janeiro, 34/Universidade Candido Mendes, 2ª. Ed. 2012.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogá, 2019
NASCIMENTO, Beatriz. O conceito de quilombo e a resistência cultural negra. Rio de Janeiro: Afrodiáspora, 1985. In RATTS, Alex. Eu sou Atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Impressa oficial, 2006, p. 117-125.
POR QUE ALGUMAS PESSOAS ESCREVEM AFRIKA COM UM K (AFRIKA X ÁFRICA). Grupo de leituras Afrocêntricas. 2019 [s.n.] Disponível em: https://pt.scribd.com/document/398116252/Por-Que-Algumas-Pessoas-Escrevem-Afrika-Com-Um-K-Afrika-x-Africa - Acesso em: 03 nov. 2022