I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DO SAMBURÁ
Território, técnica, conhecimento e poder
De 16 a 19 de novembro de 2022
Território, técnica, conhecimento e poder
De 16 a 19 de novembro de 2022
Evento totalmente online
GT 2 - TERRITORIALIDADES VÍVIDAS:
dinâmicas territoriais e processos de constituição das populações migrantes
Dia 18/11/2022
1 TECENDO RELAÇÕES: INDÍGENAS WARAO EM MACEIÓ/AL E AS NOVAS CONFIGURAÇÕES ESPACIAIS
Gabriela Pacheco
(IGDEMA/UFAL/FUNAL/AL) gkpacheco@gmail.com
Através da tessitura e da ressignificação das relações socioespaciais, os processos migratórios trazem consigo a necessidade de construções, desconstruções e reconstruções de novas configurações e espacialidades, especialmente como formas e estratégias de aproximação entre novas vivências em territórios distintos, sejam eles de trânsito ou migratórios. Os indígenas Warao, “povos das águas”, originários do Delta do Rio Orinoco na Venezuela sofreram com a expulsão do seu território originário, seja pela falta de condições de vida digna, pelos elevados casos de degradação ambiental nos seus territórios, pelo surgimento de doenças ou pela crise política existente no país. A presença Warao é registrada no Brasil desde 2014, no entanto tornou-se mais intensa no ano de 2016 com o deslocamento de várias famílias Warao para o território nacional. Atualmente estima-se, segundo o ACNUR/2021, que mais de 7 mil indígenas venezuelanos estejam no território brasileiro, encontrando-se, em sua maioria, aguardando a análise do pedido de reconhecimento da condição de refugiado no país. Através dos deslocamentos, seja por meio do processo de interiorização ou por meios próprios de deslocamento e organização dos grupos familiares em busca por proteção e melhores condições de vida, as famílias Warao deslocaram-se pelo território e chegaram ao Estado de Alagoas em 2021. Nesse sentido, faz-se necessário entender os mecanismos que fizeram com que essas famílias viessem para o Estado alagoano e, baseando-se na dialogicidade (FREIRE,2001), também importante construir caminhos/redes de tessituras coletivas com a finalidade de partilhar trocas de experiências e conceber, através da interculturalidade, uma atenção diferenciada às famílias migrantes venezuelanas Warao que estão residindo no Estado de Alagoas.
Palavras- Chave: Migração; indígenas Warao; socioespacialidade.
2 REFLETINDO SOBRE AS “COLETAS” WARAO NAS CIDADES DO NORDESTE BRASILEIRO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.
Ângelo Gabriel Medeiros de Freitas Sousa
(PPGCISH/UERN) angelosousa@alu.uern.br
Raoni Borges Barbosa
(DCR-CNPQ/FAPEPI) raoniborgesbarbosa@gmail.com
A proposta em tela explora a questão Warao no Nordeste Brasileiro, partindo especificamente das técnicas de coleta enquanto uma forma de renda, buscando para isso realizar uma revisão bibliográfica em trabalhos sobre as questões Warao, para perceber se esse tema surge enquanto problemática que perpassa tais produções acadêmicas. As coletas dizem respeito às ações da etnia Warao que buscam renda e modos de subsistir, sendo realizado pelas mulheres Warao nas ruas, onde as mesmas pedem dinheiro e ajuda para os transeuntes e citadinos das territorialidades nas quais eles se encontram. Diante isso, fazemos duas perguntas: A coleta é uma preocupação presente nas produções acadêmicas que buscam estudar a questões Warao? Quais são os marcos interpretativos das produções sobre os Warao que buscam apreender e compreender a técnica de coleta? Buscaremos também apresentar uma possibilidade de marco compreensivo para as coletas de tal etnia. Esse marco, processual e interacionista, será construído a partir dos seguintes conceitos: repertório socio-ecológico-territorial, quadro situacional, vocabulário moral, visões de mundo, e negociações de realidade. A hipótese preliminar é que os Warao ao chegarem nas cidades encontram diversos contextos socio-ecológicos-territoriais que ainda não são próximos, onde alguns deles podem conter uma visão de mundo que faz uma valoração moral negativa das coletas nas ruas, fazendo com que dentro dos vocabulários morais urbanos a etnia Warao seja enquadrada junto à imagética e discursos já conhecidos historicamente pelos moradores das urbes, como: “vagabundos”, “mendigos”, “pedintes”. Encaixados nesses contextos de vulnerabilidades, seus repertórios técnicos podem ser deslegitimados e subalternizados nas interações e pelas instituições públicas responsáveis pelas ações junto à essa etnia. Essa proposta apresenta uma pesquisa ainda em desenvolvimento, onde seus resultados são preliminares.
Palavras-chave: I. Técnicas; II. Warao; III Nordeste Brasileiro.
3 COMUNIDADE QUILOMBOLA CRUZ DA MENINA/ PB: DINÂMICAS TERRITORIAIS DE UMA IDENTIDADE EM CONSTRUÇÃO
Nathália Jorge Novais
(UFPB) natijnovais@homail.com
Luziana Marques da Fonseca Silva
(UFPB) luzianas@gmail.com
Este resumo tem como objetivo compartilhar nossa experiência na pesquisa “Cultura e reafirmação étnica na comunidade quilombola Cruz da Menina em Dona Inês/ Paraíba” (2021/2022), destacando as reflexões sobre as relações étnicas, o processo de migração, territorialização e territorialidade a partir das narrativas de vida (individuais e coletivas) destes atores étnicos que compõem nosso país. Os moradores destacam que a reivindicação da comunidade nasce a partir de um processo de territorialização dada pela exclusão, cuja negritude era o fator preponderante. Assim, os migrantes foram se apropriando daquele espaço ao qual lhe foram designados, criando laços, conexões e relações de parentesco. A comunidade é reconhecida pela Fundação Cultural Palmares desde 2008 e luta por sua demarcação territorial. Hoje, sabe-se que as casas são de propriedade dessas famílias, herdadas por esses primeiros indivíduos que aos poucos conseguiram alocar pequenos pedaços de terra, do qual residem famílias grandes. Neste sentido, acreditamos que o território se tornou um mecanismo importante para reafirmação étnica desta comunidade, em resposta ao racismo estrutural, que os mantiveram naquele espaço distante da cidade. Compreendemos que este momento de partilha é importante para escutarmos outras experiências em pesquisas sobre território. Além disso, teremos a chance de discutir esse processo de territorialização no brejo paraibano, construindo um novo espaço de diálogo sobre identidade étnica, processos migratórios e dinâmicas territoriais no Nordeste, em especial, de comunidades quilombolas.
Palavras-Chave: Identidade étnica; território; Quilombo Cruz da Menina; Paraíba.
4 FRONTEIRAS INSCRITAS NOS CORPOS-TERRITÓRIOS EM MOVIMENTO
Marina Prado Santiago
(UFPB) slowhostel18@gmail.com
Durante o contexto colonial e imperial no Brasil, a mobilidade de pessoas negras era postulada como perigosa e o encontro de três ou mais negros/as fugidos/as, naqueles termos configurava um quilombo. Já no período da República, sob o pleito de militâncias e a busca por uma maior consciencialização racial, o termo tomou outras conotações, transformando-se em signo de resistência. Em denso trabalho sobre o tema, Arruti (2008), O’Dywer (2002) e Almeida (2008) percorreram as ressemantizações que acompanharam o termo quilombo e permitiu deslocamentos que vão para além da semântica e das concepções históricas abarcadas por elas. Desta forma elucidamos a compreensão de corpos-territórios negros (NASCIMENTO, 1985) que se deslocam entre semânticas e espaços capazes de gestarem suas existências, reatualizadas em um tempo espiralar, onde passado e futuro, atribuídos de valor simbólico, são amalgamados em um presente-ancestral. Refletimos, a partir das comunidades tradicionais negras rurais, sobre as percepções expandidas de suas fronteiras geográficas, aqui entendidas como inscritas em seus corpos-território em movimento, que expressam na contemporaneidade o ser-quilombo e viver-quilombola. Ao longo dessas transformações, podemos constatar o privilegiado lugar de poder simbólico de nomeação atribuído pelo Estado, capaz assim de consagrar as lutas que serão legitimadas, ainda que existam diferentes agentes disputando a interpretação de seus termos, para a partir das perspectivas de cada um/a manipularem a realidade e por conseguinte o direito. Evidencia-se desse modo a relação privilegiada estabelecida entre o discurso jurídico e antropológico, sobretudo nas pautas de implantação de políticas de reconhecimento, pertencimento, desses grupos. Entendemos, sob a esteira de Sigaud (1979) que a luta por direitos é mobilizadora ao longo da história do campesinato no Brasil, sendo condição e efeito de complexas estratégias que incluem migrações temporárias, que podem quiçá multiplicar as possibilidades de reexistir mesmo diante da imobilidade presumida na lei, tratando de comunidades tradicionais e seus territórios.
Palavras-chave: Quilombo; Território; Mobilidade; Fronteiras
5 Territorialidad y la reconfiguración identitaria en espacios transnacionales: los warao de Ka Ubanoko
Josias Okal K'Okal
Mestre em Antropologia Flacso - Equador
jokokal2003@yahoo.com
Los procesos transnacionales presentan tres tipos de fronteras que los desplazados trazan: las geográficas, las jurídica-políticas y las socioculturales. Tal como lo señala Mummert (1999), los estudios transnacionales han mostrado el carácter fluido y poroso de las fronteras. Es especialmente en las prácticas socioculturales donde se pone más de manifiesto la permeabilidad del concepto de la frontera. Este trabajo, basado en investigación de campo hecho en la ocupación de Ka Ubanoko entre enero y agosto 2020, acentúa tres aspectos que se destacan en la conceptualización de Hall (2010; 2003). Primero, la identidad está siempre en proceso de formación. Segundo, se compone de dos procesos que se articulan: la sujeción (a través de discursos y prácticas) y la subjetivación (búsqueda constante de filiación y adhesión). Por lo tanto, es un constructo social (MUDIMBE, 2006; FRASER, 1997), hecho a través de “la escisión entre aquello que uno es y aquello que el otro es” (HALL, 2010, p. 320). En tercer lugar, la identidad se transmite a través de estrategias de representación, es decir, es la historia que el grupo cuenta de sí mismo para dar sentido a sus experiencias e indicar su distinción respecto a los demás. Entre los warao en Boa Vista/RR, dichas prácticas y discursos ocurren en dos planos: público (especialmente en las luchas de resistencia) y en privado (en las historias ocultas). “Están sujetas a una historización radical, y en un constante proceso de cambio y transformación” (HALL, 2003, p.17). La apelación al pasado o a la memoria hace parte del proceso mismo de configuración de las identidades. ¿Qué hay en un nombre? Ka Ubanoko, identifica y ubica históricamente y geo-socioculturalemnte a un grupo. En el contexto de las migraciones internacionales, un nombre evoca memorias del origen, narra toda una historia y forma parte de las imágenes empleadas en la construcción de fronteras simbólicas y así construye a través del imaginario de otros lugares y vivencias que dan sentido a la nueva experiencia colectiva.
Dia 19/11/2022
1 Cartografia da governamentalidade representativa na migração venezuelana indígena Warao em Alagoas
Karine Gabrielle de Lima Rodrigues
Dra. Edilma de Jesus Desidério
(UFAL) edilma.desiderio@igdema.ufal.br
Igor Max de Lima Santos
(UFAL) igormax58722@gmail.com
Gabriela Kelly Pacheco dos Santos
(UFAL) gkpacheco@gmail.com
A governamentalidade representativa (DE JESUS, 2018), que consiste em um olhar sobre as situações que envolvem atores sociais, sujeitos em condições de vulnerabilidade e atuação interinstitucional, como conceito criado desde uma base foucaulteana (FOUCAULT, 2008), possibilita explorar teórica e metodologicamente o cenário produzido pela atividade migratória que forçou as pessoas migrantes venezuelanas a chegar no Brasil e solicitar acolhida e refúgio, ao incorporar-se ao projeto de interiorização (2018), desenvolvido pelo governo Federal, ACNUR e OIM possibilitando a chegada em Alagoas. Esta proposta tem o alcance de um instrumento de fomento a atividade de extensão baseado na dialogicidade (FREIRE,2001), que possibilite ao público alvo vincular-se interculturalmente e reconhecer a importância da atenção a população vulnerável como são as pessoas migrantes venezuelanas indígenas Warao que, atualmente, encontram-se no estado de Alagoas e que possa resultar em alguns impactos diretos na formação técnico-científica e intercultural dos discentes, especialmente, na especialização do bolsista no tema que será trabalhado no projeto, que é a geografia das migrações, ampliando e aperfeiçoando as competências e habilidades instrumentais no manejo de métodos e metodologias transdisciplinares, na construção de cartografias e desenvolvimento de metodologias de pesquisa-ação, nas etapas de recopilação e análise de dados e posterior apresentação da informação.
Palavras-chave: Cartografia, governamentalidade representativa, migração venezuelana, indígena Warao, Alagoas.
2 UM ESTUDO SOBRE OS/AS VENEZUELANOS/AS ACOLHIDOS/AS PELO SERVIÇO PASTORAL DOS MIGRANTES/PB
Rafaela Carneiro Claudio
(UFPB) faelacarneiro@gmail.com
Cláudia Naiza da Costa Ferreira
(UFPB) claudianaiza@yahoo.com.br
O presente trabalho visou refletir sobre as percepções políticas dos próprios venezuelanos/as sobre a sua migração para o Brasil, e tendo como objetivos específicos apontar as razões geopolíticas da vinda dos/as venezuelanos/as na Paraíba; investigar o impacto da migração dos/as venezuelanos/as assistidos/as pelo Serviço Pastoral dos Migrantes, e identificar quais as ações adotadas pelo Serviço Pastoral dos Migrantes para os refugiados venezuelanos/as. A execução dessa pesquisa justificou-se a partir das experiências que se relacionam com o trabalho que executo na Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana (SEMDH), na qual temos acompanhado as ações e as políticas afirmativas para povos e comunidades tradicionais. Com a vinda dos/as Venezuelanos/as e do povo indígena Warao, a SEMDH foi incorporada nas articulações para implementação de ações que favoreçam a dignidade humana dos/as venezuelanos no Estado da Paraíba. As reflexões foram fundamentadas em autores como: Santos (1991), Zero (2017), Schmitz e Ferreira, (2018), Sousa (2019), entre outros. A metodologia utilizada nesta pesquisa foi fundamentada na pesquisa qualitativa, de natureza participante, colocando o observador e o observado do mesmo lado, compreendendo os elementos da geografia política e os aspectos de sobrevivência dos/as refugiados/as venezuelanos/as. Como instrumentos de coleta de dados, utilizou-se a entrevista semiestruturada, através de questionário com perguntas abertas pelo Google Forms e pelo aplicativo do WhatsApp, a busca em sites referentes ao tema, os documentos oficiais e o recurso bibliográfico. A República Bolivariana da Venezuela vive em constante disputa e instabilidade devido à presença de petróleo em seu território. Assim, existem forças conservadoras que não querem mecanismos democráticos, por não corresponderem seus interesses de manutenção de poder sobre a sociedade. Por outro lado, há pessoas insatisfeitas com essas formas democráticas de governar em curso, pois não satisfaz as perspectivas desses indivíduos, a partir do que é pregado dentro da lógica capitalista, isto é, do neoliberalismo.
Palavras-Chave: 1. Geografia política. 2. Refugiados/as venezuelanos/as. 3. Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM).
3 “vamos pra casa de mi mama y despues cunhado”: A construção e reconstrução de territorialidades de grupos Warao em João Pessoa
Jamerson Bezerra Lucena
(UFPB)jamluca@gmail.com
Atualmente existem vários grupos indígenas Warao vivendo num vilarejo no subúrbio da cidade de João Pessoa, e estes grupos locais estão sempre mantendo contato e interagindo com outros grupos Warao distribuídos de acordo com sua organização social e limites de espaço nos abrigos instalados por uma instituição religiosa na capital paraibana. A Vila do Lula durante muito tempo tornou-se ponto de referência desde agosto de 2019 quando chegou nesta cidade os primeiros grupos Warao. Posto isso, o objetivo desse trabalho é o de compreender como são produzidas suas territorialidades e acionamento de “estratégias de ação” (BARTH, 2000) desembocando nessas dinâmicas locais, além do mapeamento de espaços compartilhados (CERTEAU, 1994) com os não indígenas. Esses grupos domésticos que vivem na Vila do Lula aos poucos vão construindo uma sociabilidade (SIMMEL, 1984) com vários atores sociais dessa redondeza, tais como vizinhos, comerciantes e grupos evangélicos e, assim, percebem o ritmo de ocupação do bairro (VELHO, 1973). Vivem num fluxo constante entre um abrigo e outro, acionando determinado grupo de parentes, dependendo da situação, por exemplo, quando se trata de um processo de cura um determinado grupo doméstico busca ajuda no abrigo/casa de um curandeiro que faz parte de sua parentela; outro grupo deste vilarejo aciona um abrigo para saber mais informações sobre como conseguir Auxílio Brasil ou algum outro benefício social e como pode ver isso numa agência bancária; outro grupo produz artesanato e tenta apoio de um grupo de parentes que vive no centro para poder vender esses produtos artesanais; e também existe grupo que tem como finalidade se reagrupar com outros para realizar cultos evangélicos, enfim, são redes sociais (BARNES, 2010) e de solidariedade étnica que são formadas e moldadas, constituindo dinâmicas territoriais que tem como base a morfologia social (MAUSS, 2003) de cada grupo doméstico. A metodologia segue uma abordagem qualitativa, descrevendo dados etnográficos desses grupos Warao que vivem nesse vilarejo e mantém relações interétnicas constantemente acionadas. O estudo (em andamento) tem revelado que essa circulação desses grupos domésticos da Vila do Lula acaba sendo intensificada por causa dos laços de parentesco e amizade, formando uma rede de solidariedade étnica de fundamental relevância para os Warao, pois eleva sua autoestima no ambiente citadino, fortalece seu sentimento de pertencimento e vai construindo a sociação (SIMMEL, 1964).
Palavras-chave: Warao. Territorialidades. Redes sociais. Espaço urbano.
4 MIGRAÇÕES E OS PROCESSOS DE BRICOLEUR NO ESTADO DO MARANHÃO (1940-1960)
Joyce Oliveira Pereira
(PPGHIST-UEMA/SEMED-Rosário) invasoesholandesas@gmail.com
Os territórios maranhenses e seus processos de ocupação foram marcados por diferentes ondas migratórias desde as zonas de colonização antiga (século XVI), como as de ocupação mais recente. Nesse sentido, por volta de meados do século XX, o Maranhão recebeu muitos migrantes, sobretudo de outros estados da região nordeste que se estabeleceram nos vales dos rios Pindaré, Grajaú e Mearim (GALDEZ, 2015), fazendo com que ocorresse um crescimento populacional do estado considerável em relação aos períodos anteriores. Este trabalho tem como objetivo analisar o contexto social produzido entre as décadas de 1940 a 1960 no estado do Maranhão a fim de compreender as estruturas econômicas e sociais que assentavam as experiências coletivas entre o mundo urbano e o rural: a inserção dos migrantes nordestinos, as migrações internas, a expansão da fronteira agrícola frente aos sistemas de uso da terra do campesinato local (ALMEIDA, 2009) e, o início da complexificação nos contextos urbanos. Utilizam-se como corpus documental para análise os dados dos Censos Demográficos Brasileiros realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estática de 1950 e 1960 a fim de compreender essas práticas ordinárias e os processos de bricoleur (CERTEAU, 2009) construídos nesses contextos e territórios.
PALAVRAS-CHAVE: Maranhão. Territórios. Migrações. Censo. Bricoleur.
5 Dinâmica territorial, organização e domínio do espaço pelos grupos domésticos potiguara a partir do contexto urbano de Mataraca (PB)
Maria Elita do Nascimento
(PPGA-UFPB) elitaairam@gmail.com
Fabio Mura
(UFPB) fabiomura64@gmail.com
Neste trabalho realiza-se uma reflexão sobre grupos domésticos potiguara que residem na cidade de Mataraca, localizada na microrregião do Litoral Norte da Paraíba. Tem como proposta perceber como são construídas as redes de relações estabelecidas pelas trocas de favores, por vínculos de amizade, apadrinhamento, casamentos e de cooperação sociotécnica entre os membros dos grupos domésticos potiguara, a partir do contexto urbano. Busca-se também revelar como estes grupos domésticos produzem e reproduzem tradições de conhecimento e se organizam a partir de grupos locais situados no espaço da cidade, projetando suas atividades para além deste, dando vida a processos de dominialização em regiões geográficas necessárias para o desenvolvimento e reprodução de um determinado estilo de vida. Esta dominialização pela ação dos integrantes de grupos domésticos, pode ser entendida como propriamente uma ecologia doméstica através da qual busca-se articular espaços exclusivos, como os das residências e seus quintais no contexto urbano, com espaços inclusivos, como aqueles acessados para a realização de atividades agrícolas em terrenos públicos ou concedidos em propriedades privadas, bem como aqueles constituídos por matas e rios, para realização da pesca, da caça e da coleta de materiais e plantas medicinais. De maneira que descrever essa forma de organização se tonou fundamental não apenas para compreender os processos de circulação e fixação destes grupos indígenas no espaço urbano, mas também como junto a outros processos de dominialização desencadeados pelo Estado e diferentes segmentos sociais, chega-se a definir nesses espaços geográficos específicas dinâmicas territoriais que advém de processos históricos caracterizados por marcadas relações de poder.
Palavras-chave: Potiguara; contexto urbano; processos de dominialização; dinâmicas territoriais.